Dramaturgia Feminista - Fogo de Monturo & Quarança
A obra Dramaturgia Feminista – Fogo de Monturo & Quarança, de Luciana Lyra, traz duas de suas peças geradas a partir das práticas pedagógicas intituladas Artetnografia e Mitodologia em Arte, por ela criadas em suas pesquisas acadêmicas e cênicas. Além dos caminhos de construção em processo, as dramaturgias apresentam em comum o trânsito por questões acerca da mulher, dos arquétipos femininos e diferentes feminismos que norteiam as lutas das mulheres em solo nacional. Fogo de Monturo toma como leitmotiv a jornada das guerrilheiras brasileiras para contar a fábula da heroína Fátima, filha de engenho na vila de Monturo, que resolve partir para capital e se envolver com o movimento estudantil e a luta contra a ditadura. Na mesma trilha belicosa, Quarança tece uma fábula sobre a jornada de guerreira Rosa Ararim, moradora de um lugarejo conhecido como Alereda, uma terra ocupada por um exército de jagunços, onde mulheres são violentadas, mortas e quaradas ao sol. O descortinar da guerrilheira e da guerreira nestas dramaturgias, tomadas aqui como feministas, acaba por nos colocar no enfrentamento contra todo o estado falocêntrico de opressão, legitimando a fúria contra o árido patriarcado.